Confiança: será que as coisas podem continuar assim? (por Leila Navarro)
Por que falar de confiança em um mundo onde reina a desconfiança? Pelo mesmo motivo por que se fala de água quando se está com sede ou de saúde quando se está doente. Muitas vezes, só falamos de alguma coisa quando sentimos que ela nos falta. Assim acontece com a confiança.
A tônica do mundo moderno é a mudança em ciclos cada vez mais curtos. O que é hoje poderá não ser mais amanhã; tudo se transforma de uma hora para outra, provocando ansiedade e incerteza quanto ao futuro. Nossa falta de confiança se volta contra instituições, planos, governos, projetos, acordos – e até contra nós mesmos, pois também somos afetados pela velocidade das mudanças e muitas vezes duvidamos de nossa capacidade de nos adaptar às novas circunstâncias para continuar tendo sucesso ou simplesmente sobreviver. É preciso ficar atento, pois até naquilo que parece insuspeito pode haver algum tipo de ameaça à nossa estabilidade e segurança.
Ocorre que tanta falta de confiança, que se expressa na atitude da desconfiança, tem sérios efeitos colaterais. A desconfiança isola as pessoas, impede que experimentem e arrisquem, restringe sua expansão. Ao limitar o crescimento pessoal e profissional dos indivíduos, acaba também comprometendo os resultados das organizações, que cada vez mais necessitam de pessoas dispostas a assumir riscos, abertas a novas experiências, criativas, entusiasmadas e com iniciativa. Desconfiança é, enfim, um jogo de soma negativa, no qual não há ganhadores. Ou melhor, no qual todos perdem: perde quem desconfia, perde quem é alvo de desconfiança. Mas será que as coisas podem continuar assim?
A confiança precisa ser resgatada, pois entendemos que ela é fator decisivo na performance de profissionais e organizações no mundo globalizado. No âmbito individual, a confiança predispõe a sonhar com objetivos mais elevados, ousar, enfrentar desafios, assumir riscos, desenvolver-se, expandir-se. Na esfera organizacional, estimula as pessoas a relacionar-se de maneira mais aberta e franca, compartilhar experiências e conhecimentos, comprometer-se com os objetivos da empresa, engajar-se na solução de problemas e participar dos processos decisórios.
Ante a realidade que vivemos, confiar é o oposto daquilo que o senso comum nos aconselha a fazer, é nadar contra a corrente. Mas, por incrível que possa parecer, é justamente nadando contra a corrente que podemos chegar mais rápido e com menos esforço a nossos objetivos.
Livro: Confiança - A chave para o sucesso pessoal e empresaria, de Leila Navarro e José María Gasalla. Editora Integrare.