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Mudanças no núcleo familiar: todo mundo quer ser jovem (por Leo Fraiman)

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No mundo digital, quando um assunto não nos interessa, é simples: basta digitar del e esquecer, sair da sala de bate-papo, fazer log off.
           Na vida familiar nunca há log off, pois, mesmo que um pai ou uma mãe decida se separar, as questões ligadas aos filhos sempre terá algum tipo de interveniência em sua vida, a não ser que se tenha algum grau de sociopatia, no qual a indiferença ao outro seja real, o que certamente não é o seu caso. Sociopatas não compram livros sobre educação.
          Sociopatia é uma doença mental que nos torna indiferentes às necessidades alheias, sinônimo de cinismo. Se apenas uma pequena parcela da população de pais é efetivamente cínica, por outro lado, há muitos pais que parecem não querer (ou não conseguir) ver que eles têm um papel a zelar enquanto adultos da história.
          Fico espantado com o número de aparelhos, cremes e técnicas que nos são oferecidos hoje para retardar ou inibir os efeitos do envelhecimento. Nossa sociedade detesta a palavra “velho”. Preferimos as expressões “idade de ouro”, “melhor idade” e tantos outros eufemismos, tudo menos ser velho. Faz-se de tudo, gasta-se de tudo e recorre se a tudo para evitar a passagem do tempo. Todos querem ser jovens. Sempre. De manhã, de tarde, e mais ainda, de noite.
          Em vez de os filhos imitarem os pais, admirarem seu estilo de vida, como acontecia tempos atrás, hoje são os pais que desejam os programas, o corpo, as roupas e o estilo de vida dos filhos. É mais divertido, é mais gostoso, é mais leve e mais fácil. Mas tudo na vida tem seu preço.
          Não é raro encontrar, em muitas famílias, jovens com 25, 30 anos, sem vontade de nada, sem desejo de estudar, de trabalhar ou de fazer algo de suas vidas. Uma apatia aprendida após anos de treinamento. Esses filhos se mantêm dependentes dos pais às vezes por uma vida inteira. Isso sem falar de outras dependências, ainda piores, para aplacar o vazio de uma vida sem projeto.
          Se pegarmos a estrada que leva ao Ceará, não chegaremos ao Rio Grande do Sul. É preciso algum alinhamento entre o que se quer (um filho maduro e preparado para a vida) e as condições para que isso ocorra (que ele tenha de se dedicar a suas metas).
          Se os pais excluem da rotina diária comportamentos, atitudes e palavras do mundo dos adultos, podem acabar perdendo a confiança dos filhos e a autoridade perante eles. Se um pai se veste, fala, conversa e argumenta exatamente no mesmo tom dos amiguinhos dos filhos, como pode esperar que estes lhe deem o devido respeito?

Livro: Meu filho chegou à adolescência, e agora? Como construir um projeto de vida Juntos, de Leo Fraiman. Editora Integrare.

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