Cicatrizes, Gerações, Mentoria na prática, Sidnei Oliveira -

O desenvolvimento da maturidade e de competências no mundo atual (por Sidnei Oliveira)

Livro; Cicatrizes; Sidnei Oliveira; Integrare

 

Em tempos de estímulo a um comportamento generalista para os profissionais, parece um contrassenso falar em especialização. Contudo, é justamente esse movimento que permite ao indivíduo ampliar sua maturidade, pois para se especializar em algo é necessário fazer renúncias, ajustando o foco no que é realmente necessário e, assim, alcançando um patamar mais elevado de competência naquilo que se escolheu.

          Aprender a lidar com as próprias renúncias é fundamental para alcançar níveis maiores de maturidade, afinal, em grande parte das circunstâncias que nos envolvemos, somos obrigados a absorver as consequências de nossas escolhas.

          São justamente os aprendizados que obtemos das situações que escolhemos nos envolver, sejam elas positivas ou negativas, que ampliam a autossegurança, uma vez que, como resultado do aprendizado, desenvolvemos uma maior autonomia para situações análogas no futuro.

          Esse é o princípio que amplia a maturidade, pois podemos interferir nesse processo quando decidimos quais competências iremos desenvolver com maior profundidade.

          Teoricamente, o conceito de especialização é ótimo, mas o grande desafio é aplicá-lo num tempo onde se espera que o indivíduo seja multipotencial, isto é, capaz de desenvolver diversas expertises para atuar em frentes múltiplas.

          Esse conceito é apresentado como uma necessidade do cenário atual, que possui um ambiente dinâmico, onde ocorrem transformações constantes e onde já se projetam situações em que as atividades mais operacionais serão absorvidas por equipamentos dotados de inteligência artificial.

          Esse parece ser o melhor argumento para o indivíduo optar por ser multipotencial. Entretanto, essa linha de raciocínio pode representar uma armadilha que afeta diretamente o desenvolvimento da maturidade. Afinal, fica evidente que o conceito de multipotencialidades é bastante sedutor para o indivíduo, pois tira dele a responsabilidade de ter que lidar com suas renúncias.

          Na verdade, o que precisa ser melhor explorado no cenário atual são algumas características que o indivíduo, seja multipotencial ou não, precisa desenvolver, tais como:

 

  • Ter a capacidade de sintetizar ideias, ou seja, combinar conceitos e capacidades para gerar algo novo;
  • Desenvolver uma aprendizagem rápida, o que envolve a transformação acelerada de informações em competências;
  • Possuir adaptabilidade, o que significa ser capaz de desapegar de conceitos, processos e coisas com facilidade.

 

          Todavia, até mesmo essas capacidades, que poderiam ser consideradas superpoderes de pessoas multipotenciais, só podem ser alcançadas com foco e capacidade de gerenciar as próprias renúncias. Quando não se considera o que a dispersão de energia pode representar, ao se optar por fazer tantas coisas sem foco, toda experiência vivida pelo indivíduo acaba sendo superficial, com a consequente perda de qualidade e afetando diretamente o aprendizado e, por consequência, o próprio desenvolvimento das competências, limitando assim, a manifestação dos talentos individuais.

 

Livro: Cicatrizes – Os desafios de amadurecer no século 21, de Sidnei Oliveira. Editora Integrare.

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