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O eterno conflito entre jovens e veteranos no mercado de trabalho (por Sidnei Oliveira)

Livro; Cicatrizes; Sidnei Oliveira; Integrare

 

Os gestores usam como referência sua própria realidade. Avaliam o jovem de hoje pela lente de sua juventude e estabelecem as diferenças comportamentais de forma crítica. Desta forma, é muito comum que os gestores reclamem da falta de comprometimento, seriedade e responsabilidade que os jovens demonstram no trabalho. Do lado dos jovens, a reclamação comum é da falta de confiança que os mais experientes demonstram, principalmente quando não há a delegação de tarefas mais relevantes, deixando para os mais jovens apenas as tarefas operacionais e de pouco impacto nos resultados.
          Esse tipo de conflito não é novo. Na verdade, é até muito comum desde os tempos mais antigos da humanidade. Eu acredito que o que torna o cenário diferente agora é justamente a falta de maturidade dos jovens, associada ao aumento na expectativa de vida, que faz com que os veteranos permaneçam mais tempo no mercado, disputando os desafios mais relevantes com os mais jovens.
          Em minhas pesquisas vejo que os jovens estão literalmente aflitos para entrar no mercado de trabalho e identificarem seus propósitos, contudo, têm muito medo das falhas que podem ocorrer nesse processo.
          Eles se sentem pressionados por uma realidade dura que não conhecem, e muitas vezes acreditam que não têm competências para lidar, por isso acabam contestando toda a realidade atual, exigindo novas atitudes na relação com o trabalho, ou então se mostrando relativamente paralisados diante das dificuldades.
          Esse comportamento fica ainda mais evidente quando o jovem assume a postura de viver uma vida sem se preocupar com as consequências (alguém vai se preocupar) e cria um estilo de vida que valoriza e prioriza a satisfação pessoal.
          Toda essa realidade cria uma fragilidade nas relações dos jovens com as empresas. Qualquer motivo é forte o suficiente para se romper a relação.
          Não creio que exista uma fórmula mágica para esta realidade. O que observo com maior frequência é uma busca de experimentação de realidades diferentes, pois os jovens acreditam que quanto mais experimentarem empregos e empresas diferentes, mais estarão preparados. Entretanto, essa é uma estratégia equivocada, pois confunde experimentação com absorção de experiência.
          Normalmente, o jovem manifesta este pensamento distorcido quando argumenta que está buscando "novos desafios", esquecendo que há certamente muitos desafios no próprio emprego que está. Aliás, o primeiro e principal desafio é permanecer no emprego com todos os obstáculos que ele apresenta. Na prática, o jovem mantém um status de novato em cada novo emprego e por isso não acessa os maiores desafios que podem contribuir para seu desenvolvimento.

Livro: Cicatrizes – Os desafios de amadurecer no século 21, de Sidnei Oliveira. Editora Integrare.

 

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